quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Crise Existêncial como condição de Existência

Reclamo, logo existo. Afinal se pensar é a condição de existir, defina-me, então, pensar. Na indefinição do pensar, como definir a existência como tal? A resposta filosófica para uma dúvida filosófica é outra incógnita filosófica? Fácil resolver desta forma um problema, que se visto como matemático torna-se xERx = y*. Não é preciso nenhum tipo de brilhantismo matemático para saber que, se x = y, tanto faz x ou y em sua equação existencial. Explicando: se a condição de existência humana é pensar e na ignorância do ser do ‘pensar’, ‘existência’ continua igual a uma questão necessitando explicação.

Por outro lado, em termos humanos, ao contrário da matemática, nem tudo igual à outra coisa tem seu inverso também válido. Ou seja, x = y, sim, mas não y ≠ x. Por extenso, o que pensa, existe, mas nem tudo que existe, pensa. (Ironizando, nem todos que existem, pensam.) Então se a condição para a existência humana é o pensar de forma humana, o que é pensar, ainda mais como um humano?

O que todos os seres de nossa espécie têm em comum? Pensamos de formas diferentes, a respeito de coisas diferentes. Somos homens e mulheres, capitalistas e comunistas, honestos e corruptos, merecedores da e vida e indignos da mesma. Único fator formulado na mente humana, ‘pensado’, comum a todo indivíduo humano é a reclamação. Em nossos desejos, à parte fisiológicos, somos todos iguais na reclamação. Reclamamos, inclusive, do que nos leva à existência, fato não comparado pela natureza clássica. Talvez reclamar, não pensar, seja a condição de existência humana. Não reclamar de dor ou fome, como um cão, mas reclamar de algo abstrato, como a existência.

Talvez apenas a importância a fatores que não alterem a ordem natural da vida e sua indagação caracterizem a existência humana. Poderíamos reclamar da letal fome, como um animal, mas pensamos, também, a respeito de nossa existência que mesmo se gerada uma resposta, não parece driblar a morte ou perpetuar a espécie, instintos naturais básicos a todos os seres vivos.

Sim, penso, logo existo; mas reclamo, como humano, logo penso, como humano, logo existo, como humano.

Alguns indivíduos parecem não pensar de forma popularmente aceita como inteligente, mas todos em algum momento de suas vidas param para pensar, seu propósito, de onde viemos, em uma crise existencial. É comum ao ser humano reclamar de fatores não relacionados à sua existência como ser vivo, mas como indivíduo próprio dotado de algo, por falta de termo melhor, chamado alma. Talvez isso nos separe dos demais animais e esta crise caracterize a existência dada por “humana”.

* (x pertence aos números reais tal que x igual à y)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deseja comentar o texto acima? Perfeito! Elogie, concorde comigo ou vá embora.