sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Grandes eventos, grandes vergonha

A nova onda agora é grandes eventos esportivos no Brasil. Começou com o Panamericano passado e agora tenta-se uma Olimpíada e uma Copa do Mundo. Legal, bacana, promover o Brasil... Para quê?

Promover por meio de festa, de um sentimento ufanista falso, o país da mentira? Ver nosso exímio presidente Mula dizendo que o Brasil está pronto para isso e para aquilo? Para o quê, exatamente? Pro futuro? Que futuro? O Brasil não está pronto nem para o presente, quanto mais para o futuro.

Toda essa lengalenga de Olimpíadas e Copa do Mundo não serve ao Brasil de nada. O que ganhamos com os olhos do mundo voltados para nós? Mais investimento, atenção, cadeira na ONU? Tudo isso para quê? Investimentos, dinheiro, já temos agora e, no entanto, no que se investe? Saúde, educação, transporte? Como se combate a pobreza aqui? O Brasil está pronto para o “futuro”!? Em 2014 teremos estádios modernos, beleza, mas bilhões serão gastos nessa banalidade e muitos continuarão pobres, miseráveis, famintos, desempregados e marginalizados. “Melhoraremos o sistema de transporte público”. Sério? E precisa de Copa para isso? Quer dizer, sem Copa, fica como está?

Eu me lembro, ainda me lembro, do hiper-faturamento que as obras para o Pan do Rio de Janeiro tiveram. Investiu-se milhões para a realização do evento com a desculpa do legado em infra-estrutura que seria deixado para a cidade. Pois bem, cadê o tal legado? A cidade continua com problemas de transporte, continua cheia de favelas e o crime galopa cada vez mais. Não se tem um décimo do ânimo em erradicar a marginalização na cidade como se tem para fazer uma droga de evento esportivo para a promoção da face-limpa do Brasil. Com certeza se todos aqueles milhões gastos para Panamericano tivessem sido usado no processo de urbanização da favela ou em investimentos no combate ao narcotráfico, a cidade carioca estaria muito melhor hoje.

Agora surge o Rio de Janeiro para as Olimpíadas. Uma quantia MUITO maior de dinheiro será pulverizada na realização dessa nova empreitada promocional. Um super-faturamento ainda maior, uma encheção de saco ainda maior e muito mais dinheiro sendo usado para fazer gringo feliz de ver bunda no Brasil em vez de educar essa massa de ignorantes que habita o país. De onde o governo tira tanta verba para por em Olimpíadas que não existe para por em saúde e educação? E, uau, cadê o tal legado do Panamericano agora?

Mas o mais interessante de todos é a Copa do Mundo em 2014. Estimasse que custará 11 bilhões, isso mesmo, 11 bilhões! E sabe o que é mais engraçado? É uma piada! Só um Panzinho a toa custou 4, isso mesmo, 4 bilhões! Se um Pan, um evento continental, sugou 4 bilhões, sendo desses 4, 1 ninguém sabe para onde foi, o que dizer de uma Olimpíada, que é global, e de uma Copa do Mundo, maior evento esportivo de nossa era!?

Ainda não há estimativas para o custo das Olimpíadas no Rio em 2016, mas, vamos supor, com o Pan em 4 bilhões e a Copa em 11, a Olimpíada fica no meio aproximadamente 8 bilhões. Soma-se tudo e tem-se 23 bilhões. Vinte e três bilhões retirados do além por um governo que alega faltar verba para aprimorar a saúde, educação e segurança pública.

Agora me diga você, brasileiro médio, em que esses 23 bilhões vão te beneficiar? Você vai ver mais criança na escola? Menos fila no hospital? Sem-teto virar com-teto? Diminuição da criminalidade? Desenvolvimento econômico? Não, nada. O que você vai é a bandeira verde e amarela continuar sendo estuprada e exposta como um país alegre e contente, mas com a população pobre e sem dente.

Vergonha. Sinto vergonha. Tenho vergonha do Panamericano 2007, tenho vergonha da Copa do Mundo 2014 e tenho vergonha das Olimpíadas 2016. Tenho vergonha de bilhões serem gastos em diversão e brincadeira e não em saúde e educação. Tenho vergonha dessa população, desculpe, imbecil que se levante e bate palmas para essas falcatruas. Tenho vergonha de um governo corrupto, extremamente corrupto, que atrai grandes eventos esportivos para manter o status quo de seu comodismo. Sim, eu tenho, muita, muita vergonha de ser brasileiro. Amar meu país não me impede de ligar a TV, ver o que vejo e pensar “céus, esconde essa bandeira”.

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